Introdução

Na cidade de Ubá, no dia 13 de julho de 1989, deu-se entrada na Junta Comercial, do registro da Jacar Pneus, que iniciou suas atividades no dia 10 de setembro de 1990, no ramo de recauchutagem de pneus.

A entrada na Junta Comercial foi meta final de uma estratégia iniciada, em 1989, para entrar no difícil mercado brasileiro de recauchutagem de pneus. Um dos fundamentos dos planos de negócio foi construir uma empresa com qualidade que se destaca entre as existentes.

Acompanhando a trajetória da empresa desde o início, os empresários Carlos e Antônio refletem sobre os desafios que a vida coloca:

“Correr riscos calculados faz parde da vida da gente e não poderia ser diferente de um empresário e dificuldades são estímulo para os que sabem lutar”. (Carlos)

“Desde cedo, aprendi a superar as dificuldades e, na vida de empresário, a todo momento estamos superando alguma coisa”. (Antônio)

Histórico

Em 1989, Carlos trabalhava como representante da Michelin, viajando por toda a região da Zona da Mata e Antônio era engenheiro civil que prestava assessoria a diversas localidades distantes. Como estavam sempre viajando, tinham apenas os fins de semana para se encontrarem. Foi num churrasco familiar de fim de semana que tudo começou a surgir. Carlos conversou com a cunhada sobre seu sonho de construir uma empresa no ramo de recauchutagem de pneus. Ela, então comentou com o irmão Antônio, que também tinha o sonho de montar seu próprio negócio.

Carlos procurou Antônio e o convidou para ser seu sócio. A ideia foi aceita, depois de criteriosa análise de proposta.


“Logo pensei: Vou deixar de ser engenheiro para ser borracheiro.” (Antônio)

Detinham boas ideias, vontade de trabalhar perto de suas famílias, mas faltavam-lhe recursos. Oriundos de famílias de parcos recursos, aprenderam, desde muito cedo, que somente trabalhando é que poderiam modificar a sua realidade.

“Quando menino, se precisássemos de uma bola, por exemplo, juntava meus colegas e iamos vender picolé, para, como lucro, comprarmos a bola” afirma Carlos. Ele exercia as funções de supervisão de vendas de pneus para a Michelin, onde trabalhou por 7 anos, adquirindo experiência comercial e técnica, tendo como base as cidades de Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Campinas e Juiz de Fora.

“O fato de conhecer o ramo em que íamos abrir a nossa empresa foi o fator determinante para o sucesso. Enquanto representante, eu conhecia o processo de recauchutagem e várias empresas, bem como muitos fornecedores de matéria-prima.” (Carlos)

Esse conhecimento de mercado foi o fator decisivo para consolidação da Jacar Pneus no mercado.

A oportunidade está no mercado​

O Brasil era um país em desenvolvimento nos anos 90 apresentaram mudanças, devido á implantação de um novo plano econômico que conseguiu estabilizar a economia nacional e reduzir os juros que ultrapassavam aos 50% ao mês a 1% ao ano (Plano Real).

Essa estabilidade econômica e a redução dos juros possibilitou a oportunidade de ampliação de muitos negócios e, também, aumentou o poder de compra da população. Isso representaria um crescimento grande na frota de veículos que circulavam na região.

Ubá contava com duas outras empresas de recauchutagem de pneus, a Pneus Santos e a Pneus Beira Rio, que atuavam apenas no mercado local.

O município de Ubá localiza-se na região Sudeste do Estado de Minas Gerais, mais precisamente na Zona da Mata, nas proximidades da fronteira com os estados de Rio de Janeiro e Espirito Santo. Ubá e entorno são uma das referências no Estados de Minas e no Brasil, no que se refere á industria de moveis.

O início da Jacar

Carlos, engenheiro mecânico, formado pela INICAMP, trabalhava como representante da Michelin, viajando por toda a região da Zona da Mata. Acostumado deste muito cedo a lutar pelos seus objetivos, trazia consigo um desejo ardente de ser dono do seu próprio negócio.

“Desde menino pensei em ser empresário e a experiência na Michelin foi fundamental.”

Antônio era engenheiro civil, formado pela UFJF. Prestava assessoria a diversas localidades distantes. Acostumado a lutar pelos seus objetivos, trazia consigo o desejo de ter sua própria empresa.

“Deste que me formei, já planejava, um dia ser dono do meu próprio negócio.” (Antônio)

Com desejo de montar seu próprio negócio, juntaram suas ideias e criaram uma empresa no ramo de recauchutagem de pneus.

Em meados de 1989, após analisarem o mercado e a probabilidade do negócio, Carlos e Antônio  resolveram a dar início a tão esperada ideia de serem donos dos próprios negócios.

Os finais de semana eram o único período disponível para planejarem e decidirem os rumos que deveriam tomar. Durante a semana, trabalhavam fora da cidade, juntando recursos para o seu novo investimento. Os recursos que obtinham eram direcionados á concretização da montagem da empresa. Essa rotina perdurou durante seis meses. Passo a passo, executaram o seu planejamento, economizando recursos e investindo na concretização de seus sonhos: “A gente nunca pensou que nossa ideia pudesse dar errado”. (Carlos)

No entanto, sentiram a necessidade de aumentar os recursos de que dispunham e resolveram vender todos os bens pessoais: “No início, tivemos que desfazer de alguns bens, como apartamento, carro e outros, para investirmos na empresa.” (Carlos)

As esposas de Carlos e Antônio exerceram importante papel na concretização desse sonho. As duas, respectivamente profissionais da área médica e odontológica, tornaram-se provedoras da família, enquanto seus maridos canalizavam seus proventos, economias e tempo para constituição da empresa.

“Eu e o Carlos tínhamos emprego e nossas esposas foram fundamentais para nos dedicarmos exclusivamente á montagem da empresa, largando nossos empregos. Foram fundamentais para essa tomada de decisão, porque a subsistência das nossas famílias ficou por conta delas.”  (Antônio)

A compra de máquinas e equipamento foi o inicio, sendo que, logo depois viria a construção da sede da empresa.

“A nossa visão sempre foi ter uma empresa com qualidade e sempre sonhamos no crescimento dela. Desde o início, escolhemos um local para a implantação da empresa, que poderíamos expandir de acordo com as necessidades do mercado.”

Carlos e Antônio tiveram o cuidado, quando foram adquirir os equipamentos, de comprarem somente equipamentos de fornecedores que disponibilizavam treinamento técnico.

No dia 10 de setembro de 1990, a Jacar Pneus iniciou suas atividades.

Dilema X Solução

Além da dificuldade da conquista de clientes, havia o problema da escassez de mão de obra. A solução encontrada foi a contratação de dois funcionários com experiência, o treinamento repassado pelos fabricantes dos equipamentos, e mobilização da experiência que Carlos detinha. Foram os pontos-chave da formação dos novos colaboradores, que inclusive, hoje, continua dessa forma, sendo repassada pelos antigos funcionários.

Após montagem da empresa, Carlos e Antônio estavam diante de um grande dilema: “Necessitávamos dos clientes, porque já tinhamos a empresa toda montada, pessoal treinado e faltava o principal, que eram as carcaças, para darmos início a nossa produção. Agora, que fazer?”

Antônio e Carlos, aproveitando a rede de contato que a família e eles detinham na cidade de Ubá/Zona da Mata, sairam á caça de carcaças (pneus usados), nas empresas da cidade. Precisavam convencer os seus futuros clientes da qualidade dos serviços a serem prestados pela nova empresa.

Estavam diante do maior desafio: como demonstrar qualidade e confiabilidade num produto que o mercado desconfiado ainda não conhecia?

Carlos, conhecedor do mercado de pneus aproveitando a rede de contato que conquistou, enquanto representante da Michelin na região, saiu em prospecção de novos clientes.

“A pessoa do Carlos foi peça fundamental nesse processo, porque ele havia desenvolvido um bom relacionamento com os clientes e a confiança que as pessoas depositavam nele foi transferida para nossa empresa.” (Antônio)

Diante da resistência do mercado em aceitar o novo produto, a empresa passou a utilizar uma ferramenta da avaliação para medir o nível de satisfação dos clientes. O serviço seria pago e teria continuidade, somente o nível de satisfação fosse elevado.

Com essa estratégia de mercado, a empresa começou a conquistar alguns clientes que serviram como referencial, na prospecção de mercado.

Aliado a rede de contato que Carlos detinha, como representante de pneus na região Sudeste e ao prestígio que Antônio detinha, na cidade de Ubá, juntos iniciaram o processo de concretização de seus sonhos.

Expansão para o Rio de Janeiro

Á medida que se consolidavam no mercado, Carlos e Antônio sentiam a necessidade de buscar novos mercados. A rede de contatos do Carlos foi suma importância para essa expansão. “O Carlos ia a procura de novos clientes e sempre voltava com clientes além do que necessitávamos.”

Logo no primeiro mês, no início das atividades, eles já contavam com clientes do Estado do Rio de Janeiro e de várias regiões de Minas Gerais. A empresa ia crescendo, de acordo com as necessidades do mercado: “Sempre que percebíamos que a produção estava aumentando e que não estávamos dando conta, sentávamos e comprávamos mais equipamentos e contratávamos mais pessoas.” (Antônio)

A empresa começou com 4 funcionários saltando para 50, no ano de 2000.

Estratégias

A administração da empresa foi dividida em partes, entre Carlos e Antônio.

Carlos ficava com a parte de vendas e compras de matéria-prima e Antônio, responsável pela parte operacional.

Na primeira semana, após o início das atividades, a empresa já operava com a sua capacidade total.

No ramo de recauchutagem sempre sobra um tempo ocioso. Dificilmente as empresas têm dois turnos. Quando a demanda era muita, Carlos e Antônio se juntavam aos funcionários, após o horário ou ate mesmos sozinhos, para poderem dar conta de entregarem o produto no tempo marcado.

“No início, eu e o Carlos fazíamos de tudo, ajudávamos na produção, administrávamos, vendíamos e ainda recolhíamos e devolvíamos os pneus recauchutados. Não tínhamos hora para encerrar as nossas atividades, tínhamos hora para iniciá-las.” (Antônio)

A grande missão da empresa era reaproveitar os pneus utilizados pelas empresas nos veículos, fazendo uma recapagem. Deixando os mesmos em condições iguais ou até superior a um pneu novo.

“Desde o início, o nosso objetivo era atender toda a região da Zona da Mata, aproveitando a rede de contatos que o Carlos detinha e, também, a localização da empresa.” (Antônio)

Analisando o aspecto da localização geográfica, nota-se que Ubá e seu entorno não apresentam gargalos intransponíveis do ponto de vista da funcionalidade de arranjo produtivo local. A cidade encontra-se bem localizada em relação ao acesso aos três principais centros urbanos Brasileiros – Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro – a pouco mais de 80 km da Rodovia BR 040, sendo, portanto, uma região de grande oportunidade de mercado devido á grande concentração de veículos pesados para o escoamento da produção moveleira.

Após a conquista de novos clientes e a certeza na qualidade dos serviços, surge a necessidade de aumentar a produção e a busca de novos mercados para diminuir os custos fixos da empresa.

O crescimento da empresa se dava de acordo com as necessidades da demanda. Sempre que havia a necessidade de aumentar a produção, Carlos e Antônio reuniam-se e, juntos, decidiam pela ampliação da empresa, planejamento, controle e avaliação dos investimentos. A preocupação do retorno financeiro era o primordial.

Em viagem de negócio ao exterior, Carlos teve contato com empresário que estavam implantando a qualidade total em suas empresas. Ficou empolgado com os resultados obtidos e regressou com a ideia fixa de implantar, na Jacar, o processo.

“Um grande diferencial que mantínhamos com os nossos fornecedores de matéria-prima é que éramos fiéis a eles. Estabelecíamos uma parceria continuada e isso nos colocava em uma posição privilegiada.” (Carlos)

A troca de fornecedores dava sempre que as empresas que fornecia a matéria-prima encerrava suas atividades no mercado.

“Mudar é complicado, mas essencial, estávamos modificando muitas coisas na empresa. Com certeza, passamos por muitas dificuldade que serviram para crescimento da empresa e nosso também. Modificamos muitos paradigmas, como troca da visão de funcionário para colaborador.” (Carlos)

O processo de certificação ISO 9002/94 veio a busca que Carlos e Antônio tinham pela qualidade total. Com a implantação de um Sistema da Qualidade, o processo administrativo ficou mais fácil de ser avaliado porque é necessário medir o processo produtivo da empresa, gerar gráficos sobre os resultados otidos e analisar oportunidades de melhorias.

“O grande empreendedor deve ter suas ações voltadas para o futuro.” (Carlos)

Em 1997, a empresa inscreveu-se no Prêmio de Excelência Empresarial promovido pelo SEBRAE Minas juntamente a GERDAU e ficou entre as finalistas.

“Ter participado do Premio Excelência Empresarial, nos ajudou muito, porque com envio do relatório, pudemos perceber o que nós precisávamos melhorar.” (Cristina Elizabeth– Responsavel pela Qualidade total da Jacar Pneus.)

Outro fator importante foi a participação dos sócios no “EMPRETEC”, pois novas estratégias foram desenvolvidas e foi apurado o espírito de empreendedorismo.

A empresa não se esqueceu de sua inclusão social. Carlos foi duas vezes, Diretor da Associação Comercial e por 6 anos, Presidente da ADUBAR – Agência de Desenvolvimento de Ubá e Região. Foi o primeiro Presidente da Rede de Agências da Zona da Mata. Tais atividades lhe conferiram o título de “Personalidade Ubaense do ano”, em 2002.

A preocupação com o meio ambiente sempre foi constante. A empresa participou de vários projetos: – “Rede Cidadã”, “Tá limpo, pode chegar”, ambos visando ao combate à dengue. Em 2004, iniciou ações visando a obtenção do Licenciamento Ambiental.

A partir de 1998, a empresa começou a investir nas recomendações sugeridas pelos consultores auditores do Premio Excelência Empresarial, no intuito sempre de oferecer melhor qualidade para os clientes e valorização de seus colaboradores.

Em 2000, após implementar ações de melhorias, a empresa concorreu novamente ao prêmio. Foi eleita a Empresa do ano, segundo avaliação do Prêmio Excelência Empresarial, no setor de Serviços. Esse prêmio veio coroar todos os esforços dos grandes empreendedores Carlos e Antônio, que, desde a criação da empresa valorizaram a qualidade dos serviços prestados ao cliente, tendo sempre, como grande preocupação, o melhor resultado possível dos serviços prestados.

Em 1997, o grupo Jacar inaugurou a sua primeira loja de pneus de passeio Michelin. Atualmente, são quatro: uma em Barbacena, duas em Juiz de Fora e uma em Ubá que, a partir de 2002, iniciou a revenda de pneus de carga, um importante elo para a fidelização de seus clientes de recauchutagem.

Conclusão

A grande expansão da Jacar Pneus firmou-se na rede de contatos, no ineditismo de seus empreendedores e na oportunidade que o mercado fornecia.

Os empreendedores da Jacar Pneus souberam aproveitar o mercado em expansão, criando uma marca líder no mercado mineiro e de forte credibilidade no mercado nacional, aliando aos fatos de que, em sua abertura, o valor da recauchutagem era de 40% do valor do pneu novo. Em contrapartida, hoje esse valor chega á 20% do pneu novo.

O sucesso da Jacar Pneus colocou evidencia o mérito de seus criadores. Eles sempre acreditaram em seus sonhos e sempre buscaram a máxima qualidade dos serviços prestados. Assim, vencer o Premio Excelência Empresarial, de 2000, foi muito marcante na vida desses empreendedores, que puderam demonstrar a importância da excelência do trabalho.

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